Uma das principais preocupações dos Pais em relação à iniciação da Creche dos seus filhos é a Adaptação.
Quando os pais colocam o seu filho numa creche são portadores de vários receios e de imensas dúvidas:
- Será que o meu filho vai ficar bem?
- Será que lhe vão dar a devida atenção?
- Será que o vão mimar?
- Será…? Será… ?
Existem demasiadas dúvidas que perturbam muito os pais, principalmente nos primeiros dias de creche.
Todas estas dúvidas e inquietações, que tanto atormenta os pais, são compreensíveis e legítimas, pois vão deixar os seus pequenos “tesouros” com pessoas que lhes são estranhas; no entanto sem se aperceberem os pais são os principais transmissores de ansiedade e angústia para as criancinhas.
É geralmente conhecido que os bebes se adaptam com mais facilidade a tudo o que é novo, como novas situações e ambientes, e quanto mais cedo a criança entrar para a creche, mais fácil será a sua Adaptação, apesar de ser uma fase mais complicada para os pais, porque os seus pequenotes são demasiado indefesos.
Nesta fase inicial da vida de uma criança, principalmente quando vai para a creche, há sempre um adulto na sala com quem a criança irá criar laços afectivos mais fortes e intensos, a esta situação, chama-se Vinculação. Esta Vinculação vai dar/trazer à criança uma maior segurança, que vai fazer com que esta se sinta protegida e consiga então, transmitir aos pais que está bem, serena e tranquila sempre que vai para a creche.
Por norma, numa fase inicial, aconselha-se os pais que nos primeiros dias a criança fique poucas horas na creche, isto acontece porque a ansiedade dos pais é grande e reflecte-se nas crianças.
Na minha experiência profissional, como Educadora de Infância, e a trabalhar há 4 anos em salas, cujas crianças provém do meio familiar, normalmente tenho uma reunião individual antes do inicio do ano lectivo com os pais de cada criança, aos quais peço para que na primeira semana de creche a Adaptação seja gradual, isto é, no 1º dia de creche dos filhotes, convido os pais a permanecerem na sala com as crianças toda a manhã, no 2º dia já deixarão a criança 1 hora na sala e os pais vão-os buscar após essa hora, no 3º dia a criança já fica toda a manha e já almoça, e vai embora com os pais depois de almoçar, no 4º dia a criança para além de ficar toda a manhã, de almoçar também já irá dormir a sesta na creche e no 5º dia a criança permanecerá um dia completo na creche.
Uma Adaptação feita nestes moldes ajuda a criança e os pais a se adaptarem de uma forma lenta e gradual, diminuído assim a ansiedade de ambos.
Costumo dizer que a Adaptação dos pais é mais difícil que a das crianças, ou seja, uma criança habitua-se mais facialmente à separação da figura parental do que os pais à separação dos filhos.
Terminada a primeira semana de Adaptação, é também importante referir que se a criança tiver algum objecto que a acompanha sempre (boneco, fralda de pano, etc.) é importante que esse objecto venha sempre com a criança, pois é chamado de Objecto de Transição. Estes objectos designados por Winnicott, por objectos transaccionais, são usados pela criança como um suporte na conquista da autonomia, uma vez que são uma espécie de substituto materno e permitem à criança organizar-se na ausência das figuras de referência. As crianças ao se sentirem sozinhas na cama, por exemplo, na creche ou jardim de infância, usam esses objectos para se sentirem mais confiantes.
Há diversos motivos que causam esta ansiedade, no entanto é importante que não se transmitam os receios, as angústias e as preocupações dos pais para as crianças, é por isso essencial que haja segurança por parte dos pais, quando vão deixar os filhos na creche, mesmo que a criança chore ou implore para não ficar ali, é importante que os pais não cedam a este tipo de “chantagem” feita pelas crianças.
A firmeza dos pais tem um papel extremamente importante nesta hora, pois há-que explicar aos filhos com todo o carinho e amor que os vão buscar ao final do dia, porque apesar de gostarem muito deles têm de ir trabalhar. A criança aos poucos vai percebendo a rotina e saberá que ao fim do dia os pais a vão buscar, criando assim na criança segurança e estabilidade.
Neste período de ansiedade de separação e angústia a criança pode mostrar relutância em deixar a mãe, rabugenta e difícil de consolar, contudo este comportamento da criança acabara por desaparecer. Este período da Adaptação não tem tempo certo de duração, vai depender de cada criança e de cada caso.
Estima-se que apenas cerca de 3% a 4% das crianças não se conseguem adaptar à creche e isto normalmente acontece por culpa de familiares directos (pais, avós, …) que reagem mal às rotinas e regras que serão impostas na criança.
Por último, gostaria de deixar a minha opinião pessoal aos pais: “Quando o seu filho fizer uma “birra” a dizer que não quer ir para a creche, poderá esta apenas querer testar os pais para ver se consegue fazer com que estes cedam, e assim atingir os seus objectivos, de fazer apenas o que deseja. Perante esta situação os pais, por muito que lhes custe, devem dar um mimo à criança, dizer-lhe que ela tem de ficar, porque os pais a vão buscar, e devem sair da creche sem dar demasiada importância à “birra”, apesar de ser muito complicado para os pais, este comportamento é o mais adequado.
conteúdo gentilmente cedido por :
Educadora Carina Portinha / Fonte: Guia da Família
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