A notícia de uma gravidez desejada traz para a mulher e o casal muita alegria e felicidade, mas junto com estes sentimentos, aparecem também as ansiedades, dúvidas e inseguranças. A gestação é por si só um momento emocionalmente muito intenso e cada paciente irá lidar com essa fase de maneira única e particular, dependendo de sua história de vida.
Diante do diagnóstico de perda fetal, não importando a idade gestacional em que essa ocorra, a mulher também irá reagir das mais diversas maneiras. Estas reações podem variar desde o alívio até o desespero e depressão,
e este processo também é individual e singular.
Se considerarmos uma perda fetal onde já existe pelo menos um início de vínculo entre mãe e bebê, estamos diante de uma situação de luto. A dor da perda não pode ser relacionada ao tempo de gestação, pois depende do vínculo criado e da história individual daquela mulher. O processo de elaboração do luto engloba as fases de negação e isolamento, raiva, barganha, depressão e aceitação.
É importante lembrar que não há um período determinado para que a mulher se recupere emocionalmente de uma perda, sendo freqüentes recaídas. A perda fetal gerará um impacto que não pode ser evitado. Por isso, a compreensão e o acolhimento ao casal são fundamentais para que esse momento seja menos traumático.
Caso a perda fetal não seja bem elaborada de maneira apropriada pelo casal, esta marca pode deixar uma grande influência em gestações futuras. A paciente poderá ficar toda a gestação esperando que algo ruim aconteça ou que a gestação não progrida. Estas fantasias podem impedir ou dificultar que os pais façam planos com o bebê que está por vir.
Um acompanhamento mais cuidadoso abordando todos esses aspectos emocionais durante o pré-natal de uma paciente com histórico de perda fetal anterior é fundamental . Em casos que a gestante apresente ansiedade e angústias intensas e persistentes, e que não condizem com o estado atual da gestação em curso, é importante um acompanhamento psicológico concomitante ao atendimento médico de pré-natal.
Diante deste momento tão delicado e difícil para o casal, o suporte da família também se mostra muito importante. Muitas vezes os familiares, aflitos com o sofrimento que a mulher apresenta, acabam mudando de assunto ou falando frases no sentido de minimizar o ocorrido. É importante dar espaço para que se fale sobre essa perda sempre que a mulher tiver vontade. Isso não significa que é para os familiares trazerem o assunto à tona, mesmo quando a mulher não tiver vontade de falar sobre isso. O importante é deixar espaço aberto e com acolhimento e carinho.
Homens e mulheres irão reagir de maneiras diferentes diante de uma perda fetal, uma vez que a mulher vive de maneira mais concreta a gravidez, pois sente seu corpo em transformação. Isso, no entanto, não significa que a mulher irá sofrer mais que o homem. Se muitas vezes o luto da mãe não é reconhecido, o do pai é menos ainda. Diante dessa situação delicada, é comum o aparecimento de conflitos entre o casal.
No próximo post, falarei sobre as principais causas de perdas fetais e o que a medicina moderna pode ajudar para evitar novas perdas.
Dr. Rodrigo da Rosa Filho
CRM/SP 119789
Diretor clínico da Clínica Mater Prime
Ginecologista-obstetra especialista em Reprodução Humana pela UNIFESP
CRM/SP 119789
Diretor clínico da Clínica Mater Prime
Ginecologista-obstetra especialista em Reprodução Humana pela UNIFESP
Escrito para o Blog Da Fertilidade à Maternidade - 26/03/2014
* As informações disponíveis são meramente informativas, os comentários respostas são informações leigas e não substituem a Consulta Médica!
Nenhum comentário
Postar um comentário
Para enviar sua dúvida, use os comentários pelo Blogger, não pelo Facebook, pois nesse não recebemos aviso e não temos como responder rapidamente.