Mais uma parceria super importante para o Blog, o Dr. Raul Eid Nakano, da Ferticlin/SP, nos concedeu um entrevista, esclarecendo algumas dúvidas super comuns ao casal que está tentando engravidar. Então vamos lá:
Seja bem vindo Dr. Raul, obrigado pela entrevista, esperamos atender as dúvidas de nossos leitores sobre o processo de fertilização, mas antes, fale um pouco de você Dr. Raul.
Eu que agradeço a oportunidade, adoro falar sobre o tema e discutir as técnicas mais modernas de fertilização.
Sou formado em medicina pela USP, estou completando 30 anos de formado. Minha especialização foi em Reprodução Humana na Kanazawa Media University e na Keio University também no Japão, trabalhei como diretor clínico da clínica do Dr Nakamura, que foi pioneiro no Brasil com o primeiro bebê de proveta e há 20 anos estou na frente de minha própria clínica de reprodução humana em São Paulo, a Ferticlin.
Quando o casal pode se considerar infértil?
Acredito que antes de mais nada o casal precisa ter muita calma e serenidade. Define-se infertilidade quando um casal sem uso de métodos de contracepção, por pelo menos um ano, tendo relações sexuais frequentes, não consegue conceber, ou concebe e redulda em aborto. Após a comprovação da infertilidade, alguns exames laboratoriais serão necessários.
Quais são as causas mais comuns de infertilidade?
Após a comprovação da infertilidade por alguns exames laboratoriais, porém as causas mais frequentes da infertilidade são:
- Homens com baixa contagem de espermatozóides ou motilidade baixa (Varicocele);
- Homens que não produzem espermatozóides devido a obstrução (pós vasectomia, obstrução traumática, congênitas e infecciosos);
- Ausência de ejaculação por comprometimento medular (neuropatia diabética, paraplégico, tetraplégico e impotência sexual);
- Homens que possuem outros distúrbios testiculares;
No caso da infertilidade feminina as prováveis causas são:
- Infertilidade por alterações nas trompas, por inflamação, aderência ou obstrução;
- Mulheres com distúrbio hormonais, dificultando uma boa ovulação ou; dificultando um bom preparo do endométrio;
- Endometriose pélvica dificultando normalmente a captura do óvulo pela trompa ou alterando a qualidade do óvulo;
- Miomas ou Fibromas uterinos dificultando uma boa implantação ou facilitando o aborto.
Estatisticamente as causas de infertilidade estão praticamente empatadas entre mulheres e homens com 40% cada e 20% para casos de infertilidade de ambos.
Quando é preciso recorrer a um tratamento de fertilidade?E qual deve ser o tratamento ?
Define-se infertilidade quando um casal sem uso de métodos de contracepção, por pelo menos um ano, tendo relações sexuais frequentes, não consegue conceber, ou concebe e redulda em aborto. O tratamento vai depender dos resultados das investigações dos exames laboratoriais.
Quais as causas de um tratamento de fertilidade não ter sucesso, principalmente a FIV ?
Vamos responder com dois pontos de vista.
Primeiro, a natureza já impõe uma taxa de sucesso de apenas 20% por ciclo menstrual para uma mulher de 25 anos de idade, esse percentual cai para um terço (7%) quando a paciente tem 40 anos. Isso nos faz entender que a fertilidade no ser humano é muito baixa se comparada com outros animais mamíferos que giram em torno de 80% por ciclo. Isso nos impõe a necessidade de tratar as pacientes por um período longo, mesmo que as alterações que levaram a infertilidade estejam corrigidos.
Segundo, o arsenal terapêutico que a medicina dispõe atualmente é amplo, porém a taxa de sucesso de gravidez por ciclo menstrual, varia de 10 a 20% de sucesso, isso significa que o tratamento baseia-se no resgate da fertilidade perdida por aquele casal.
No caso específico da FIV pode-se suplantar para 30% a 50% de taxa de sucesso de gravidez, dependendo da idade da paciente e da qualidade dos embriões. O insucesso na fertilização in vitro passa a ser relevante quando a paciente ultrapassa de 3 a 4 tentativas e ou mais de 12 embriões transferidos. Atualmente fala-se muito em falha de implantação, onde acredita-se que o endométrio seria o grande vilão deste capítulo. Na atual conjuntura científica muito se sabe sobre o óvulo e o embrião, pouco se sabe do endométrio (este desconhecido). Logo especula-se que muitas novidades aparecerão nos próximos anos.Não podemos esquecer que mesmo em pacientes normais (sem infertilidade) a taxa de aborto espontâneo e ou a diminuição da taxa de gravidez é alta em pacientes acima de 37 anos de idade, principalmente acima de 40 anos. Não podemos deixar de comentar que biologicamente a melhor época para ter o primeiro filho é entre os 20 a 30 anos de idade onde a taxa de sucesso de gravidez é alta e as patologias na gravidez são as mais baixas.
Quando o tratamento dos ovários policísticos se torna imprescindível ?
O ovário policístico por si só não é obrigatório o tratamento.
A Síndrome do Ovário Policístico corresponde as seguintes alterações:
- Anovulação (ausência de ovulação) e consequente ausência de menstruação, Hirsultismo (aumento do pelo no rosto e no corpo), aumento de peso (obesidade), infertilidade, presença de micro policisto nos ovários, alterações hormonais.
A presença de um dos sintomas citados da síndrome do Ovário Policístico habitualmente requer tratamento para correção ou para estabilizar a patologia em questão, utilizando indutores de ovulação via oral ou injetável ou utilizando pílulas específicas.
Quais são as perspectivas para os próximos anos para a fertilização humana?
O conhecimento e o controle dos óvulos e embriões, aparentemente chegaram ao seu limite, possivelmente a evolução frente a esses dois ítens não continuará no mesmo ritmo, agora o conhecimento e o controle sobre o endométrio aparentemente tem um vasto caminho que poderá trazer boas perspectivas. Os trabalhos científicos mais recentes tem mostrado uma evolução acentuada em nível laboratorial de células tronco. Obter óvulos a partir de uma célula tronco em modelo animal, já é realidade, porém necessita-se de mais pesquisa pois os animais de laboratório nasceram com algumas mal formações. O mesmo pode ser dito para obter espermatozóide a partir de célula tronco. Isso possibilitaria uma pessoa com menopausa ou ausência de ovário a conseguir óvulos a partir de células troncos, como homens com azoospermia conseguir espermatozóide a partir de célula tronco. Óvulos de pacientes com mais de 40 anos de idade tem uma baixa vitalidade e fecundidade; Aventa-se a possibilidade de que colocando o ooplasma rico em mitocôndrias produzido a partir de células troncos da mesma paciente, pode-se melhorar a vitalidade e fecundidade desse óvulo. Em modelo animal isto já está em desenvolvimento.
Dr. Raul Eid Nakano
http://www.ferticlin.com.br
P.S.: Gostou do post, então compartilha :), mas se for copiar cite a fonte, com link e a autora. É mais justo com quem pesquisa e escreve sobre o assunto para tentar ajudar. Obrigada, Alê
* As informações disponíveis são meramente informativas, os comentários respostas são informações leigas e não substituem a Consulta Médica!
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