Chegada a hora do almoço, começa a batalha entre pais e filhos. Depois de broncas, ameaças, choros e manhas, alguns adultos se dão por vencidos e acabam deixando que a própria criança decida o que vai comer ou até se vai comer.
O tormento se inicia, geralmente, a partir dos dois anos. Com o início da fase de autonomia da criança, quando ela passa da alimentação infantil para uma mais adulta é que os problemas começam. É comum escutar dos pais que quando o filho era bebê comia de tudo, mas que depois de algum tempo começou a apresentar menor interesse pela comida e frequentes oscilações na preferência e aceitação dos alimentos.
Chamadas de picky eaters (termo que pode ser traduzido como “comedores seletivos”), essas crianças têm um comportamento alimentar que pode variar de excluir determinados grupos de alimentos (como verduras, legumes ou peixe, por exemplo) a pular refeições, ou, simplesmente, comer muito pouco. O problema é mais comum do que parece: 50% das crianças na faixa dos dois a cinco anos podem ser consideradas picky eaters. Apesar de passageiro, o problema gera transtornos no relacionamento familiar, além de afetar o progresso cognitivo e comprometer o desenvolvimento e o crescimento natural das crianças. Algumas adotam esse comportamento de maneira exacerbada e apresentam baixo peso, falta de atenção, desenvolvimento lento no aprendizado, deficiência de nutrientes como ferro, vitaminas e sais minerais.
Diante deste cenário, surge uma pergunta: como lidar com uma criança com dificuldade de alimentação? O primeiro passo é buscar orientação profissional. O pediatra ou o nutricionista sabem como identificar o quanto o problema está afetando a criança e qual caminho seguir para adequar a alimentação. O tratamento oferecido deve incluir orientações nutricionais, comportamentais e psicológicas, não só para a criança, mas também para os pais e irmãos. Muitas vezes as divergências na hora da comida causam ruídos no relacionamento entre pais e filhos e podem até interferir na relação do casal, além disso, os hábitos da família têm enorme peso nas decisões da criança, por isso esse tratamento multidisciplinar e extensivo é importante.
Em muitos casos, o uso de suplementos nutricionais se faz necessário. No entanto, vale a pena prestar atenção no tipo de produto a ser escolhido. Existe disponível no mercado uma gama quase que infinita de alimentos voltados para crianças, mas nem todos possuem fórmula balanceada e equilibrada, principalmente no que diz respeito à distribuição calórica. Os suplementos nutricionais verdadeiros são uma alternativa de incrementar a dieta infantil e evitar que a criança fique em risco nutricional enquanto passa pelo processo de adaptação a uma dieta mais saudável. Os bons suplementos são diluídos em água, não interferem no aumento de peso da criança normal, não têm como objetivo abrir o apetite, nem substituir refeições. Os suplementos devem contribuir para equilíbrio da alimentação natural.
Por outro lado, lançar mão de algumas estratégias para despertar o interesse dos pequenos pela comida pode acalmar os ânimos à mesa. Apostar em preparações mais atrativas para a criança pode ser uma boa dica. Apresentar pratos coloridos, fazer carinhas com a comida e oferecer o alimento rejeitado pelo menos dez vezes, em refeições e com apresentações diferentes (modo de preparo: cozido, frito, assado, purê). Brincar com o alimento, mas não brincar com a alimentação. Isto é, não distrair, não enganar, não forçar, não castigar ou premiar. O famoso aviãozinho, por exemplo, está fora de cogitação, pois é uma maneira de enganar, distrair a criança.
A criança precisa se concentrar na atividade da refeição, sentir o sabor dos alimentos e entender a sensação de fome e de saciedade. Com uma distração, que pode ser a TV também, a criança, e qualquer pessoa, come automaticamente. Às vezes, pode comer mais do que o suficiente para saciar sua fome. É muito importante que os pais imponham limites aos filhos – horários para as refeições, locais apropriados, ritmo de alimentação sem exageros na duração.
Mauro Fisberg, pediatra e nutrólogo, professor da Unifesp. Dr. Mauro é coordenador da Nutrociência Assessoria em Nutrologia
Fonte: Máquina Public Relations/Plena Mulher
Acredito que o tratamento deva acontecer com uma equipe multiprofissional com pediatra, nutricionista e psicólogo. E ainda tem os casos de anorexia infantil, que envolvem crianças dessa mesma faixa etária relatada no texto. E por último, algumas crianças passam a comer menos por volta de 1 ano de idade. O que não quer dizer que seja um transtorno alimentar, mas sem dúvida nenhuma é um transtorno para família que precisa aprender a lidar com isso.
ResponderExcluirBjsss
Amei essa matéria, passo por isso com meu filho e é mesmo muito difícil, em especial na fase de transição, quando o bb come de tudo e pára de comer, foi como aconteceu comigo, achei que ia enlouquecer. Depois de me informar sobre o assunto consegui encontrar meu equilíbrio e isso tbm é muito importante, forçar a criança a comer não é a melhor solução, causa trauma e piora a situação, ainda lido com isso, mas lentamente estou alcançando avanços. Graças a Deus meu filho não teve baixo peso e nem dificuldades de aprendizagem, ele precisa de um completo camado PEDIASURE, são duas latinhas por mês e o contorcionismo da mamãe aqui...rs! Mas tenho fé em Deus que isso é mesmo só uma fase e tudo irá se acertar. Obrigada pela matéria e desculpe pelo desabafo! Bjocas no ♥,
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